Acredito que todo mundo conheça a figura do Papai Noel (Santa Klaus). Também sei que nem todo mundo o tenha com carinho. Mas por que ele surgiu em nossas vidas? Simples, uma mente brilhante pensou o seguinte: se em todo aniversário alguém oferece um presente ao aniversariante, por que no aniversário de Jesus Cristo isso não acontece? Por que seria difícil entregar um presente ao homem que transformou a humanidade há pouco mais de 2.000 anos. Aí essa mente brilhante também pensou: mas posso oferecer o presente para outra pessoa? Poderia, mas com que propósito? Lá veio a mente brilhante de novo e pensou: posso criar um personagem que me substituiria e aí não ficaria estranho? BINGO!
Uma pesquisa o levou a São Nicolau, que oferecia presentes e dinheiro a pessoas menos abastadas, nos anos 280 D.C. Assim, surgiu o bom velhinho com sua roupa vermelha, bonachão, igual ao vovô, e com um saco cheio de presentes que serão entregues na chaminé ou na janela mesmo, perto da meia noite com o seu pedido. Boom de vendas de brinquedos e o que mais a imaginação pode trazer, além de grandes festas, regadas a vinho e também um certo refrigerante, de sabor cola.
O ser humano é um animal coletivo. Isso fez com que ele sempre buscasse uma forma de se reunir com os seus. Para isso, outras mentes brilhantes criaram várias datas. Dia dos Namorados, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Páscoa (como a vemos agora), até Dia do Amante (só que esse comemorado de forma mais discreta) surgiram para que as pessoas pudessem se relacionar mais, e de quebra trocar presentes e afagos entre si. Dessa forma, o comércio e a indústria podem gerar maior volume de vendas e superar períodos de baixa demanda.
Mas, como disse no começo, algumas pessoas não concordam com essas manifestações, assim como outras questionam o real valor dessas datas. Os não cristãos, por exemplo, até reconhecem o feito de Jesus Cristo, mas nem por isso comemoram o dia 24 de dezembro, por que não entendem como uma data importante. Da mesma forma, existem correntes de pessoas que acham que comemorar o Dia das Mães não tem lógica. Afinal, mãe é mãe o ano inteiro.
As estratégias de marketing atuam em todas essas situações. Buscam as sensações e sentimentos que podem aflorar nas pessoas e, dessa forma, tomarem a decisão de consumir algo. Mas, se você pensa que o apelo é sempre uniforme, com o romantismo que essas datas propõem, você está enganado. Nas décadas de 1980 e 1990 uma determinada marca de roupas, na época patrocinadora de uma equipe de Fórmula 1, ficou famosa por apresentar campanhas no mínimo polêmicas, com imagens de padres e freiras em posições duvidosas, ou um negro com uma loira, dois homens, duas mulheres, sempre sugerindo um encontro caloroso. O tema era que a união das cores era o que interessava, independente de raça, credo ou sexo. Deu o que falar. Igrejas reclamando, defensores dos bons costumes se arrepiando quando encontravam uma dessas peças publicitárias. A polêmica também atende a determinados objetivos estratégicos do marketing. A máxima “falem mal, mas falem de mim” vale muito, quando a meta é gerar maior relevância a uma determinada marca, produto ou serviço.
Estamos vivendo essa experiência novamente. Dia dos Pais foi criado para homenagear os pais. Ou para quem se sente como um pai, independente do DNA que sua prole carrega. Pode ser de outro sexo, de outro relacionamento, ou de outro mundo? Claro que pode. Mas o importante é que essa pessoa se sinta como o pai de alguém. Pai presente, acolhedor, paciente e companheiro. Com certeza se sentirá representado em alguma campanha publicitária. E pode ganhar um perfume de presente também.
Por Joaquim Milhomem, administrador em marketing e diretor da Oficina de Comunicação.
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